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Ser fashion já era uma preocupação no tempo das cavernas!


imagem terra.com.br

Por Patrícia Douat

Em 1958, a descoberta de Çatal Hüyük, feita pelos arqueólogos James Mellaart, Alan Hall e David French na Anatólia, Turquia, revolucionou todo o conhecimento da história da moda e civilização. A história da moda na Antigüidade começava com os sumérios e egípcios. Até então pensava-se que comunidades com mais de 4.000 anos eram nômades, caçadores vestidos de peles, com a única intenção de sobrevivência, sem a menor preocupação com a moda ou a arte. Çatal Hüyük mudou a visão da moda na comunidade acadêmica, abriu lugar para interrogações mais audaciosas.

Quando foi que a fascinação do ser humano pela moda e beleza realmente começou? Até onde podemos traçá-la? Fundada há mais de 8.000 anos, Çatal Hüyük possuía uma população de mais de 7.000 pessoas. As descobertas feitas ali são realmente surpreendentes. As habitações mostravam o papel de destaque da mulher: eram funcionais, com plataformas nas paredes que faziam a vez de camas. A mais importante era a da dona da casa, que ocupava um lugar de destaque no ambiente familiar. Já aquela destinada ao homem era de dimensões mais reduzidas e ocupava um canto da peça.

  
Os objetos de cerâmica, adornos pessoais, tecidos e artefatos encontrados mostram um alto grau de sofisticação. Os primeiros espelhos conhecidos, feitos de obsidiana, eram tão finamente polidos que não demonstram sequer o mais leve arranhão. Contas feitas de diversos tipos de pedras são tão finas que não podem ser penetradas por agulhas modernas. Pingentes e contas de cobre e chumbo são fundidos. Mas as descobertas mais interessantes são as pinturas murais, que demonstram as atividades industriais de alto nível técnico: a representação de tecidos em estampados geométricos, incorporando motivos florais nas cores camurça, branco, preto, cinza e vermelho alaranjado. São claras representações de tecelagem de kilims, que dão evidência de que esta técnica surgiu na Idade da Pedra.

Esta era uma sociedade que dava valor à moda, como é possível confirmar pela existência das jóias de cobre e chumbo, das vestimentas em tecidos coloridos com tinturas vegetais, fivelas de cinto, esteiras e tapetes finamente tecidos. Outro exemplo antigo da preocupação com a moda e a beleza pode ser visto em uma figurinha de cerâmica, representando a miniatura de um templo, na qual a chaminé é a representação da cabeça da deusa em cujo pescoço pode ser visto um belo colar de pingentes, arrematados por contas. Esta peça de 35 cm de altura, com mais de 8.000 anos, foi descoberta em Porodim, na Macedônia. Nas comunidades Jomon, do Japão, são ainda mais antigas as representações deste tipo: foram encontrados peças de obsidiana e âmbar com cerca de 10.000 anos de idade. O cobre era usado há 10.000 anos para a fabricação de jóias, apenas há 4.000 anos passou a ser utilizados em peças mais utilitárias como armas e ferramentas.

Ainda que nada do material orgânico utilizado pelos povos primitivos tenha sobrevivido, quatro peças de cerâmica, escavadas em Pavlov I, na Moravia, com 26.000 anos de idade, apresentam impressões negativas de terem estado em contato com têxteis, quando ainda estavam molhadas. Que tipo de tecido era, se feito de fibras vegetais ou animais, é impossível de se precisar, mas ainda assim fica claro que já nesta época a tecelagem era uma realidade. É certeza que estes tecidos podem representar esteiras ou mesmo xales, saias, camisas ou cintos de tecido. Ainda que estes tenham sido produzidos sem o uso de um tear, é certo que alguma armação de madeira foi utilizada na sua fabricação. Esta é a mais antiga evidência da existência de têxteis na história da humanidade até hoje.


Como também é certo que a extração de hematita, goethita e limonito, como fonte de pigmentos vermelho, amarelo e marrom, para o uso em pinturas das cavernas e adornos pessoais, data de mais de 400.000 anos. Nos níveis Mousterians, da caverna de Pech de l'Azé, na França, foram encontrados abundantes sinais de pigmentos usados pelos Neanderthals. Dizem que Picasso, ao conhecer a maravilhosa arte das pinturas de Lascaux, exclamou: "Nós não inventamos nada!".

Acreditava-se que Lascaux, com seus 17.000 anos de existência, era a mais antiga manifestação artística humana. Recentes descobertas em Chauvet Cave, na França, transportam esta data para 30.000 anos.

A moda dos adornos pessoais, as mais antigas jóias, podem ser datadas de 40.000 anos. São conchas fossilizadas, coral, dentes de animais, ossos, chifres, marfim, pedra calcária e azeviche, trabalhados e perfurados, usados na confecção de colares, braceletes, cintos, enfim, toda a espécie de adornos pessoais da moda da época. Porque já então a moda existia e ia muito bem, obrigada. Os dentes de raposa estavam na moda na Rússia, Bélgica, Alemanha e França. Na Itália e Espanha, a moda eram os dentes de veado. Nas regiões costeiras, a preferência ficava por conta das conchas exóticas.

  

Em escavações da era Paleolítica, em Sungir, na Rússia, foram descobertas tumbas com mais de 25.000 anos, onde os esqueletos estavam ornamentados com milhares de contas. Toucados, colares e braceletes, feitos de contas de marfim, finamente trabalhadas. Os arqueólogos russos fizeram experimentos e concluíram que foram necessárias 2.000 horas de trabalho na confecção das contas de cada indivíduo, 3.500 horas na confecção das contas encontradas com as crianças, provando o grande valor dado aos adornos pessoais.

Outras descobertas nos informam sobre a importância dada aos penteados, comprovando aí também a existência da preocupação com a moda, tal qual nos dias atuais. Figurinhas de barro cozido, com mais de 20.000 anos, como a Vênus de Willendorf e outras similares, demonstram que cabelos curtos e encaracolados, coques baixos presos na nuca e cabelo em trancinhas decorados com contas eram alguns dos estilos em moda no período Paleolítico.
  
Infelizmente, nada se pode confirmar sobre a moda do vestuário antigo. Quer o uso de couro, peles ou tecidos, quer o estilo e modelos das roupas, tudo se perdeu com a passagem do tempo. Talvez futuras descobertas nos possibilitem recriar o estilo destas antigas comunidades humanas e proto-civilizadas.

fonte:www.uol.com.br

 
 
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